Ontem, prestigiei a exposição ‘Quebrar barreiras – o estigma da lepra’, na Galeria Octavio do Prado, na Sociedade Fluminense de Fotografia, que reúne 19 fotos coloridas e em preto e branco assinadas pelo fotógrafo alemão Heiner Pflug. A exposição marca o lançamento do livro homônimo que retrata a história da hanseníase no Brasil, através de fotos que abordam a forma de vida das pessoas que, ainda hoje, vivem em colônias para portadores da doença em diferentes estados do país.
O livro é resultado de um mergulho de três anos do autor em pesquisas, visitas às colônias de outros estados e do Rio como Curupaiti, em Jacarepaguá, e Itaboraí, e entrevistas com portadores e ex-portadores da doença, filhos, enfermeiros, médicos e autoridades. Um processo que começou em 2009, quando Heiner vendeu uma casa e decidiu doar o dinheiro. Foi assim que conheceu a colônia de Curupaiti. A aproximação com a hanseníase se tornou, então, um projeto de vida.
O objetivo de Pflug é mostrar, no livro, o preconceito com quem tem as marcas da doença e como eram tratados os doentes entre os anos de 1920 e 1930, quando estava em vigor o Regulamento Sanitário, que pregava o isolamento dos doentes. Eles eram tirados do convívio familiar e internados em hospitais-colônias.
Ainda hoje, existem 33 colônias parcialmente ativas no país, onde vivem pelo menos dez mil ex-pacientes e suas famílias. Segundo o Ministério da Saúde, são detectados 33 mil novos casos da doença a cada ano, sendo 7% em menores de 15 anos. A lei que previa a internação compulsória foi revogada em 1962, mas o retorno ao convívio social era muito difícil em razão da pobreza e do isolamento a que eram submetidos.
A exposição segue até o dia 15 de junho, das 9h às 18h. A entrada é gratuita e todo o lucro obtido com a venda do livro na noite de lançamento será revertido às colônias que abrigam pessoas com hanseníase. A Sociedade Fluminense de Fotografia fica na Rua Dr. Celestino, 115, no Centro.