R$ 380. Este é o valor que alguém que viva em Niterói e trabalhe no Rio – ou vice-versa – teria de gastar mensalmente caso optasse por fazer a viagem por meio do catamarã.
Paralisadas durante a pandemia e recém restabelecidas, as viagens de catamarã custam assombrosos R$ 19, e são face visível de um mal que aflige o transporte público em parte do Brasil: a falta de subsídio das passagens pelo governo.
Estive recentemente em Barcelona, onde participei, como Coordenador de Cidade Inteligente do Rio, do SCEWC 2021. Fui informado por colegas espanhóis de que a municipalidade catalã arca com a metade do valor da tarifa de transportes públicos para os usuários.
O mesmo acontece em diversos pontos do mundo. No Brasil, no entanto, parece haver um preconceito com relação ao subsídio dos transportes pelo poder público.
A verdade, na contramão desta forma de pensar, é que o financiamento público é um bom caminho para fazer com que o sistema de transporte funcione no Brasil.
O alto custo do diesel e outros insumos e a concorrência do transporte de aplicativos servem de justificativa para as empresas de transporte praticarem tarifas impagáveis para a maior parte da população.
Falta transparência das empresas de transportes quanto às informações – receita x despesa – que as levam a formar o preço final das passagens.
Foi para abrir o que chamou de “caixa preta” que o prefeito Eduardo Paes criou no Rio um sistema de bilhetagem próprio.
O sistema permite que a prefeitura tenha acesso ao cálculo real da demanda e das receitas do sistema de transporte, e possa dar o crédito devido às empresas e reter um percentual do faturamento, tornando viável reduzir o preço da passagem.
E, quem sabe, melhorar a própria qualidade dos serviços prestados.