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Não é só por 20 centavos

“O Brasil acordou” foi certamente uma das frases mais ouvidas na última semana. De fato, há muito tempo nosso povo parecia mesmo dormir profundamente (alguns diriam que em estado de coma) diante de tantas agressões sofridas ao longo dos últimos anos.

A mobilização espontânea da juventude, originada nas redes sociais, gerou uma imagem inédita até mesmo em festas como o Carnaval: a Presidente Vargas completamente tomada de pessoas, da Candelária até a Prefeitura, num evento sem precedentes na história do país.

Uma das coisas que mais causou curiosidade aos cientistas políticos foi a multiplicidade das bandeiras do movimento. Quem foi à Presidente Vargas no dia 20 observou cartazes e grupos defendendo causas por vezes contraditórias, como na questão da redução da maioridade penal: havia militantes contra e a favor participando do ato.

Se as primeiras mobilizações foram organizadas pelo Movimento Passe Livre contra o aumento do valor da passagem, as seguintes foram de fato muito além da luta pelos 20 centavos. A “revolta do vinagre” tornou-se uma grande manifestação contra a impunidade e pelo direito de ser ouvido. A geração que foi às ruas não se sente representada pelo sistema político brasileiro.

Isso traz duas lições importantes. A primeira é a urgência de se realizar uma reforma política que aproxime de fato a população de seus representantes. A convocação de uma nova Assembleia Constituinte para isso não deve ser descartada. A segunda é a necessidade de fortalecer os mecanismos de fiscalização e de participação popular.

Não espero que estas ações calem as vozes que estão hoje se mobilizando. Em verdade, espero que elas multipliquem. Os brasileiros estão mesmo há muito tempo observando tudo à distância. Movimentos como esse são sempre bem vindos e devem ser apoiados por todos aqueles que acreditam na transformação da sociedade através da luta política.

É importante deixar claro que os excessos que aconteceram (e que não deveriam acontecer), foram o resultado da ação de uma minoria. A maior parte das pessoas, quando presenciava qualquer tipo de violência contra pessoas ou edifícios fazia questão de gritar “sem violência” ou “sem vandalismo” – e era ecoada por quem estava em volta.

A mobilização que surpreendeu o país e parou todas as suas grandes cidades nasceu em São Paulo e encontrou seu maior eco no Rio de Janeiro. Os protestos aconteceram em mais de 100 cidades espalhadas por todo o Brasil, levando mais de 1 milhão de pessoas às ruas. Mais ainda: as mobilizações cruzaram oceanos e despertaram brasileiros em diversos lugares do mundo.

 

Felipe Peixoto

Durante seus mandatos, Felipe aprovou mais de 100 leis e presidiu importantes Comissões, como a do Foro e Laudêmio e a da Linha 3 do Metrô. Como Secretário de Estado, Felipe foi responsável por inúmeras realizações e projetos que beneficiaram todas as regiões do RJ. 

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