Um dia de alegria que virou tragédia. Há quase 50 anos, Niterói foi palco do pior incêndio com vítimas do país. O episódio faz parte da história da cidade e ainda emociona.
O incêndio do Gran Circus aconteceu no dia 17 de dezembro de 1961. Um domingo e uma semana antes do Natal. Era o dia de estreia do circo. A sessão estava lotada. Os jovens de hoje podem não entender, mas o circo naquela época era uma grande atração. Todas as crianças queriam ir. Por dias, todos ficaram na expectativa das apresentações.
Quem é de Niterói certamente conhece alguém que foi, deixou de ir ou perdeu conhecidos no incêndio. Meus pais e tios, mesmo pequenos na ocasião, ainda lembram a confusão que se instalou na cidade após a notícia. No bairro do Pé Pequeno, por exemplo, um mutirão foi organizado para ajudar. Várias barracas foram montadas na rua para arrecadar donativos. Outros afirmam que a doação de sangue era feita na rua.
O trauma foi tão grande que, por muitos anos, a cidade deixou de receber os circos. E durante 50 anos, o caso permaneceu como uma memória velada. Coube ao jornalista Mauro Ventura a responsabilidade de recontar a história e lembrar a data no livro “O espetáculo mais triste da Terra”.
A obra destaca as versões conflitantes sobre as causas do incêndio, apresenta os relatos de sobreviventes e mostra como o evento marcou a trajetória dos cirurgiões Yvo Pitanguy, Liacyr Ribeiro e do empresário José Dantrino, o Profeta Gentileza, que, consternado com o fato, abandonou tudo para propagar mensagens de amor e caridade, eternizadas nos pilares da Perimetral do Rio de Janeiro.
Hoje, às 17h30, na Biblioteca Pública de Niterói, acontecerá a sessão de autógrafos do lançamento do livro. A entrada é gratuita.