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O Desafio da Mobilidade Urbana em Niterói: O Impacto dos Acidentes de Trânsito com Motociclistas

Uma análise sobre a segurança viária e seus reflexos na saúde pública e previdência social

A cidade de Niterói, assim como muitas outras cidades do Brasil, enfrenta um grande desafio no que diz respeito à segurança no trânsito. Com o aumento do número de veículos nas ruas e a falta de educação no trânsito, os acidentes se tornaram cada vez mais comuns, desenvolvendo um sério problema de saúde pública, decorrente de uma mobilidade urbana deficiente e cara, o que torna a moto uma alternativa cada vez mais usada, pois é um modo de transporte muito rápido e barato.

Segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas – Abraciclo, a frota de motocicletas no Brasil continua a crescer. Em dezembro de 2023 foram produzidas 117.929 motocicletas, uma alta de 38,5% comparado ao mesmo mês de 2022.

A má qualidade da mobilidade urbana é um dos principais fatores que levam a um aumento significativo no uso de motocicletas, especialmente por motoboys, que as utilizam tanto para entregas quanto para o transporte de passageiros, como os mototaxistas. Esses grupos são os mais afetados por esse sistema de mobilidade caótico.

De acordo com dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM/DATASUS) o número de acidentes fatais com motociclistas não para de crescer. De 2000 a 2009, foram 58.310 mortes causadas por motocicletas. Entre 2010 e 2019, foram 118.720 mortes. O equivalente a um aumento de 13,4%.

Em São Paulo, segundo levantamento recente do Infosiga, no primeiro trimestre de 2024, as mortes por acidentes de moto cresceram 25% em relação ao mesmo período de 2023. Esse aumento ocorreu apesar da ampliação da faixa azul na cidade, e tanto a prefeitura quanto o governo buscam ações para lidar com essa questão.

Isso reflete também nas cidades. Nos últimos anos, temos observado um aumento preocupante no número de acidentes de trânsito envolvendo motociclistas na cidade de Niterói. Segundo o Corpo de Bombeiros, dos 2.800 chamados para acidentes de trânsito em Niterói em 2023, 1.967 envolviam motos. No primeiro trimestre, foram registrados 729, sendo 525 com motocicletas.

Dados recentes revelam que neste ano houve um aumento de 30% nos acidentes comparado ao mesmo período de 2023. Isso causa um impacto direto na saúde pública, com aumento absurdo nos gastos com atendimentos de emergência, além dos impactos na saúde mental, na mobilidade das vítimas e tratamentos de saúde.

E não podemos esquecer o impacto emocional nas famílias das vítimas, que perdem muitas vezes seus familiares de forma trágica e evitável. A dor da perda de um familiar em um acidente de trânsito é algo que marca para sempre a vida das famílias, deixando cicatrizes emocionais que, muitas vezes, são difíceis de superar.

Além dos impactos na saúde pública, os acidentes de trânsito também geram custos para a previdência social, uma vez que muitos dos acidentados acabam se tornando dependentes de benefícios previdenciários devido às sequelas causadas pelos acidentes. Isso gera um grande ônus para o sistema previdenciário, que já enfrenta diversos desafios financeiros.

A segurança no trânsito é um desafio para nossas cidades e não existe uma fórmula milagrosa para solucionar o problema. Ao contrário, são muitas ações que requerem paciência e persistência.

Medidas de prevenção, como leis de trânsito mais rigorosas e campanhas de educação para o trânsito podem ajudar. As associações de motociclistas podem participar ativamente em campanhas de conscientização e direção defensiva. Além disso, é importante fortalecer os sistemas de atendimento de emergência e de reabilitação para as vítimas de acidentes.

Mas, sobretudo, é preciso investir num sistema de mobilidade mais eficiente, mais acessível e mais seguro. Enquanto andar de motocicletas for mais barato do que usar o transporte público, elas serão cada vez mais usadas, especialmente por jovens de baixa renda, as principais vítimas dessa trágica estatística.

Felipe Peixoto

Durante seus mandatos, Felipe aprovou mais de 100 leis e presidiu importantes Comissões, como a do Foro e Laudêmio e a da Linha 3 do Metrô. Como Secretário de Estado, Felipe foi responsável por inúmeras realizações e projetos que beneficiaram todas as regiões do RJ. 

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