Nossa cidade perdeu mais de mil, isso mesmo, mais de 1.000 pessoas para a Covid-19. Este é o tipo de artigo que nunca desejaria fazer, sem dúvida um dos mais tristes de toda a minha jornada. E exatamente nesta terça, dia 13/04, quando atingimos a esta triste estatística que nos mostra que temos já quase 33 mil diagnosticados com a doença em Niterói, a prefeitura suspendeu o calendário de vacinação da primeira dose, alegando que retoma com a chegada de nova remessa do Ministério da Saúde! Duro, muito duro mesmo…
E vejamos mais informações da prefeitura sobre a Covid em nossa cidade. De 17 de março a 31 de dezembro de 2020, ou seja, em nove meses, Niterói registrou 621 óbitos. Só que em pouco mais dos três meses de 2021 já há outros 380 mortos por essa terrível doença, praticamente 40% do total. São números que nos dão conta de que a média diária de mortes na cidade saltou de 2,14 no ano passado para 3,68 este ano, com uma alta de mais de 70%.
Esses dados se tornam ainda mais alarmantes se comparados com os da Secretaria de Estado de Saúde, que tem oficialmente registradas 1.365 mortes pelo coronavírus em Niterói, com uma letalidade que ultrapassa os 4%. Duro de contabilizar e mais duro ainda de conviver. E falo isso com muita propriedade porque uma dessas mais de 1.000 pessoas que partiram foi o meu pai, Paulo Peixoto. Senti e continuo sentindo na pele o mesmo das milhares de famílias que sofrem com esta perda absurda.
E o pior de tudo isso é que continuamos a viver apreensivos todos os dias, com as confirmações diárias de mais e mais casos, e mais e mais vidas perdidas para esse vírus contra o qual lutamos há um ano. Isso mesmo: um ano de luta! E o triste é que, enquanto vemos a situação melhorar em muitos municípios, aqui em Niterói o quadro só se agrava. Estamos no estágio laranja, que é o de atenção máxima beirando o vermelho, e tememos a falta de leitos com a ocupação nas UTIs batendo 90% na rede particular e mais de 80% na rede pública, que tem 37% dos leitos ocupados por moradores de outros municípios e 40% das UTIs também de pessoas de cidades vizinhas.
Toda esta drástica situação aciona o botão vermelho sobre a necessidade urgente de promovermos mudanças para reverter esse quadro, tanto na esfera individual quanto na questão das políticas públicas. Precisamos de medidas imediatas e realmente eficazes, em especial, do Poder Executivo. Mas não barreiras sanitárias que, como já bem vimos – hoje mesmo mais uma vez -, só servem para tumultuar o trânsito e a vida de uma população para lá de sacrificada não só pela pandemia como também pela falta de ações efetivas.
Estamos falando de medidas simples que vão da intensificação das campanhas de conscientização da população e ações de combate a quem se recusa a usar máscara e o álcool em gel, até mais fiscalização de posturas que denunciam a falta de solidariedade e desrespeito à vida, como a realização de festas clandestinas e aglomerações diversas. Realmente incabível!
Outro fator importante diz respeito à mobilidade. A pandemia pôs em cheque o já combalido sistema de transporte público na Região Metropolitana, e assistimos estarrecidos a falta de medidas para aumentar a oferta de veículos nos horários de pico, o que vem provocando longas filas nos terminais e ônibus lotados. Isso também aconteceu com a Barcas S/A, que interrompeu o serviço do catamarã de Charitas e aumentou os intervalos na travessia Rio-Niterói, em pleno cenário da pandemia. Sigo lutando na Alerj para tentar reverter esse quadro, por meio de uma indicação solicitando mudanças.
Temos ainda muito que avançar em relação à vacinação. Já lamentei a falta de iniciativa do Instituto Vital Brazil na corrida para criar vacinas e estar à frente desse processo importante para a saúde pública. Lamento também as divergências políticas, a falta de iniciativa e até de gestão que atrasaram a entrega das doses. Outra questão é a falta de leitos e estrutura nos hospitais públicos. Contra isso, para Niterói solicitei recentemente obras de melhorias para o Hospital Estadual Azevedo Lima, que tem o maior número de leitos da rede pública do estado em todo o território fluminense. Já pedi também mais leitos para o Hospital Municipal Raul Sertã, referência na Região Serrana de nosso estado, recebendo pacientes de mais de dez municípios.
Mais que nunca precisamos unir forças pelo bem comum para combater esse inimigo invisível, mas tão feroz. É preciso repensar e agir rápido. A sociedade como um todo precisa despertar, descruzar os braços e sair da inércia para mudar essa situação e reverter esse triste placar. O olhar atento da população, as ações preventivas individuais e as medidas coletivas ditadas pelos governantes podem fazer toda a diferença para salvar vidas. E conto com a sua ajuda na denúncia de irregularidades e na fiscalização das ações dos governos para que eu siga reforçando, lutando e cobrando melhorias urgentes.