Quando eu tinha apenas 9 anos, mergulhei na campanha de Darcy Ribeiro a governador do Rio de Janeiro. Era um comitê mirim em Niterói e eu levava muito a sério o meu papel de divulgar suas ideias e atrair votos.
Sim, a admiração vem desde muito cedo. Não tenho dúvida de que o fato de minha mãe ser educadora contribuiu para alimentar o respeito que tenho pelo antropólogo, professor e autor.
Darcy é uma dessas raras figuras múltiplas, que marcam a história de um país. Tenho imenso orgulho de dizer que pauto minha vida pública e minha forma de encarar educação e cultura pelos seus ensinamentos. É uma fonte inesgotável, cada consulta a sua vasta obra amplia meu olhar sobre o Brasil e sobre o futuro.
Mineiro de Montes Claros, Darcy era um visionário. Eu sei que o termo é batido, mas, em relação a ele, totalmente justo e adequado. Tanto no entendimento das nações indígenas, fontes de boa parte de sua produção acadêmica, quanto na visão sobre miscigenação e formação do povo brasileiro, ele valorizava uma visão humanitária dos povos.
São muitas e valiosas suas contribuições. Coube a Darcy fundar o Parque Nacional do Xingu. Junto com outro educador, Anísio Teixeira, criou a Universidade de Brasília, que completa este ano 60 anos de atividade. Como senador, participou na elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira.
No governo de João Goulart, exerceu o cargo de Ministro da Educação e de Chefe do Gabinete Civil. Em 1964, com o golpe, partiu para o exílio. Chile, Uruguai, Venezuela e Peru foram alguns dos países que contaram com sua colaboração na reestruturação de suas universidades. O mundo também abraçava suas ideias.
De volta ao país, juntamente com Leonel Brizola, construiu um projeto para o Rio de Janeiro. Vice-governador, concebeu e deu forma a um audacioso programa educacional: os Cieps. Ensino público, igualitário, em tempo integral e de alta qualidade. Partiu de sua mente também a construção do Sambódromo.
Não vou conseguir esgotar todos os feitos e realizações de Darcy em um único texto. Teremos a oportunidade, em 2022, ano em que se comemoram também os 100 anos de seu nascimento, voltar a lembrar e celebrar seu imenso e sólido legado.
Vida o ensino público! Viva, Darcy Ribeiro!