Grupo se encanta com o universo marinho no dia mundial de conscientização da síndrome
Um grupo de crianças autistas acompanhadas de seus familiares abriu na última quarta-feira, 2, a exposição “A Vida na Água – Um mergulho no conhecimento”, promovida pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca (Sedrap). A ação foi uma forma especial de comemorar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2 de abril) e anunciar a inauguração do auditório Prefeito João Sampaio, na sobreloja do Terminal Rodoviário Roberto Silveira, no Centro de Niterói, mesmo lugar da mostra que reúne peixes, arraia e outros seres vivos do universo marinho.
Com entrada franca, a exposição pode ser vista até a próxima quinta-feira, dia 10, com visitas agendadas para grupos de escolas públicas e privadas, das 9h às 12h e das 13h às 17h, e acesso ao público em geral neste sábado, dia 5, das 9h às 13h; e no último dia, das 9h às 12h e das 13h às 17h. Agendamentos pelo telefone (21) 2705-7060. Depois da abertura da exposição, o secretário de Estado de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca, Felipe Peixoto, inaugurou o auditório Prefeito João Sampaio, em homenagem ao político, arquiteto e urbanista niteroiense que faleceu em 2011 e governou a cidade de 1993 a 1997.
Auditório – Como primeiro evento do novo espaço, o secretário entregou certificados aos 28 pescadores que fizeram o Curso de Formação de Aquaviários – Pescador Profissional realizado no Telecentro Pesca da Maré, uma das unidades da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Fiperj), órgão vinculado à Secretaria e que funciona no mesmo andar do novo auditório. Além da viúva de João Sampaio, Lúcia Helena Fontes, a inauguração reuniu diretores da Sedrap e da Fiperj, sendo prestigiada também por lideranças políticas, como a vereadora Tânia Rodrigues, Carlos Magaldi e Zaff (José Antonio Toro Fernandez); pelo diretor executivo do Conleste, Edir Inácio, e o comandante Flávio Leme, oficial da Marinha que intermediou a parceria com a Fiperj para a realização do curso que visa capacitar pescadores em aquaviários, proporcionando mais uma opção de trabalho para os profissionais da pesca. Na ocasião, Felipe Peixoto falou sobre a influência de João Sampaio em sua trajetória política e destacou a importância do novo espaço.
– O João foi uma grande referência para mim e esse auditório é uma simples homenagem a tudo o que ele representou para a cidade de Niterói. Esse auditório é mais um dos muitos projetos que idealizamos aqui na Secretaria, iniciada há três anos em uma salinha no Centro do Rio e agora já ocupando quatro andares desse prédio, e vai servir, entre outras coisas, como espaço para se discutir melhorias para pescadores e produtores rurais da região – disse.
A exposição – A exposição de peixes vivos faz parte das ações sociais da Sedrap, que desde sua criação, em 2011, tem entre seus focos a elaboração de projetos de inclusão social. Um exemplo é a contratação de funcionários portadores de deficiência (atualmente são 55, todos da Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos, a Andef) que atuam na recepção, cozinha, manutenção e serviços gerais nos quatro andares da sede.
A iniciativa da exposição agradou em cheio familiares dos autistas que fizeram a abertura. Fundadora do Grupo Inclusão e Superação, que reúne no Facebook mais de 8 mil pessoas (entre pais, portadores da síndrome e especialistas), a advogada Cátia Luzia Feitoza Moreira de Jesus, de 36 anos, mãe de Diogo Ricardo, de 9 anos, elogiou a ação. “Achei uma experiência maravilhosa. O Diogo foi diagnosticado aos 4 anos, e desde então busco oportunidades como essa, capazes de promover a sua socialização. É uma ação importante não apenas para as crianças com autismo como para a sociedade em geral, porque chama a atenção para essa síndrome que não tem traços aparentes, e por isso é incompreendida por muitas pessoas que chegam a confundi-la com mau comportamento”, alerta Cátia, moradora de Nilópolis, na Baixada Fluminense.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o autismo atinge cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo, afetando a maneira como esses indivíduos se comunicam e interagem com a sociedade. A expressão “peixe fora d’água”, comumente utilizada quando se fala da síndrome que tem entre suas características principais o isolamento e o distanciamento, desta vez não pôde ser aplicada. Que o diga Rodrigo Kubrusly, 10 anos, diagnosticado com autismo com menos de 2 anos. Primeiro a entrar na sala de exposição, Rodrigo espontaneamente tratou de tirar o tênis, se aprontando para dar um mergulho. “Foi muito inesperado porque o que se espera de uma criança como ele é o medo do desconhecido, mas ele quis interagir com os peixes. Foi maravilhoso”, afirma a contadora Cleyde Eny Oliveira, de 48 anos, mãe de Rodrigo e moradora de Copacabana.
Já a professora Elaine de Souza Rodrigues Ribeiro, de 37 anos, mãe do pequeno Guilherme, de 8 anos, destacou a boa preparação dos profissionais da exposição.
– Eles estavam preparados para lidar com as crianças, o que nem sempre acontece. O Guilherme ficou bem à vontade, e até interagiu com a arraia – disse Elaine, que mora em Belford Roxo.
Realizada pela Acqua Produções, a exposição é apresentada em uma arena octogonal cercada por aquários de águas doce e salgada. Segundo o biólogo marinho Rafael Franco, técnico de Aquicultura Ornamental da Fiperj, a mostra conta com os aquários temáticos Turma do Nemo (com personagens do filme como o peixe-palhaço); Monstros dos Rios (com peixes de grande porte em um tanque central de quase 3 mil litros, tendo como protagonistas o pirarucu e a arraia amazônica); e Mini Mangue (espécies de mangue como o caranguejo); além de tanques de contato que proporcionam aos mais curiosos e corajosos tocar em espécimes vivos, como a esponja e a estrela do mar. A exposição conta, ainda, com textos, fotografias e mapas. Durante a visita, biólogos abordam assuntos como a diversidade das espécies, a importância da preservação de cada ecossistema, a ocupação humana e a seleção natural.
Ascom Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional