A crise da água na região sudeste, e que afeta milhões de pessoas, vem despertando uma série de discussões sobre o consumo, os investimentos e as alternativas de abastecimento. Muitas cidades enfrentam ou já enfrentaram desafios assim, envolvendo seca, desperdício e o consumo de água em excesso. E muito tem se falado sobre o reuso de água.
Se São Paulo enfrenta a pior crise dos últimos 70 anos – e pela primeira vez os moradores vão ser abastecidos com água de reuso – por aqui, a população do Rio de Janeiro deve começar a se preocupar. Isso porque os reservatórios da Bacia do Rio Paraíba do Sul, que é a principal fonte de abastecimento de água do estado, está em seu menor nível de armazenamento da história.
Diante disso, especialistas alertam para o uso racional da água e cobram maior investimento em ações ambientais. Segundo dados divulgados recentemente pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Rio de Janeiro (CERHI-RJ) o volume equivalente dos reservatórios RO Rio Paraíba do Sul chegou a 9%. No final de setembro, esse número era de 12,9%, de acordo com a Agência Nacional das Águas (a ANA).
É do Rio Paraíba do Sul que sai cerca de 80% da água que abastece o Grande Rio – que inclui a capital, a Baixada Fluminense e a Região Metropolitana. Uma das principais formas de enfrentar o problema é, justamente, com o uso racional da água, alerta o presidente do CERHI-RJ, Décio Tubbs. E por isso precisamos estar todos atentos e, principalmente, economizar.
Com esse objetivo, ainda quando era vereador, elaborei o projeto de lei 187/2009, que institui a instalação de sistema de coleta e reutilização da água utilizada em edificações públicas e privadas, as chamadas águas cinzas. Como não pude representar o projeto no ano seguinte, pois me tornei deputado estadual, pedi ao presidente da Câmara, Paulo Bagueira (SDD), que o representasse.
Depois de aprovado o projeto, passou a vigorar então a lei municipal 2856/2011de reuso de águas cinzas, que foi destaque na revista Exame naquele ano, assim como em noticiários nacionais. Tornando-se, ainda, finalista do prêmio Greenvana Greenbest 2012, ficando entre as dez melhores iniciativas públicas de 2011 voltadas para a sustentabilidade no Brasil.
O objetivo do sistema de reuso é gerar economia e combater o desperdício quantitativo de água nas edificações. A finalidade é fazer com que os prédios e os condomínios façam ouso racional da água. Uma prática que proporciona até 30% de economia. Além, claro, da busca por um desenvolvimento urbano mais sustentável e a preservação do recurso natural mais importante para a nossa vida.
A reutilização da água exige menos da rede de abastecimento de água potável, produz menos esgoto, e é um grande aliado do nosso bolso. Uma ação em que todos ganham. Numa cidade como Niterói que não consome a água que utiliza isso faz muita diferença. O sistema de reuso das águas cinzas representa um avanço no modelo de construção. Num uso comum, gera inúmeros benefícios.