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50 anos da Cadeia da Legalidade

No dia 25 de agosto de 1961, o Brasil recebeu com perplexidade a renúncia do presidente Jânio Quadros. Na verdade, a manobra foi um golpe. Por um lado, estava a vontade de Jânio Quadros de testar a sua popularidade ao se ver pressionado por militares cada vez mais influenciados pela Guerra Fria que polarizava o mundo. De outro lado, estavam os próprios militares entusiasmados pela oportunidade de assumir o poder. Entre eles João Goulart: vice-presidente, altamente popular e nacionalista.

Ausente do país, numa viagem pela China, a oposição encontrou o momento ideal para acusá-lo de comunista e impedir que assumisse o cargo. Em um post anterior, falei aqui sobre um livro recentemente lançado que devolve a João Goulart sua dignidade e seu mérito. Jango era Brasil. Ele tentou fechar acordos com as duas potências e por em prática ideias hoje amplamente discutidas, mas que na época eram um assombro. Fazer a reforma agrária, reduzir a desigualdade social e garantir a soberania nacional eram temas por ele defendidos que causavam pavor.

Enfim…

Para garantir o que regia a Constituição, entrou em ação Leonel de Moura Brizola, governador do Rio Grande do Sul, aliado político pelo PTB e cunhado de Jango. De maneira heroica, ele se aquartelou no Palácio Piratini e convocou a população a defender a legalidade. Conseguiu o apoio das principais rádios locais que passaram a transmitir os chamados em ondas curtas, atingindo as rádios de todo o país. Em poucos dias, mais de 100 rádios no Brasil estavam mobilizados. Rádios de países vizinhos retransmitiam a informação em espanhol e inglês.

No estado gaúcho, milhares foram às ruas. A ponto do coronel do III Exército se emocionar e desistir de prender Brizola. Então, para que não ocorresse uma guerra civil, Jango retornou ao Brasil e aceitou o sistema de parlamentarismo proposto pela direita. Numa época em que os veículos de comunicação eram dominados pelos políticos de direita e pelos militares, o sucesso da ação foi muito comemorado. Ele retardou o golpe que já vinha se desenhando e tencionando governos anteriores. 

A Cadeia da Legalidade é um marco na história nacional que não pode cair no esquecimento. Ela carrega a força da mobilização popular e deve ser lembrada e divulgada entre a juventude tão descrente da política. Também foi um legado deixado por Brizola: um líder nato, orador invejável, além de ser homem audacioso e enérgico. Sua persistência fez com que temas de interesse nacional estivessem sempre em pauta. Concordo com o deputado federal Enio Bacci (PDT-RS) de que, se não fosse o Golpe de 64, certamente Brizola seria presidente da República.

Em memória dele, disponho aqui uma nota do Jornal do Comercio de Porto Alegre que fala sobre a intenção de transformar Brizola em herói nacional

Brizola: Herói Nacional

O legado de Leonel Brizola é tão grande que há gente que quer que ele seja considerado Herói Nacional, ao lado de Tiradentes e José Bonifácio. O deputado federal gaúcho Luiz Noé, do PSB, tem um projeto de lei que coloca Brizola ao lado de Heróis Nacionais que constam no Livro de Aço, no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília. “A importância da Campanha da Legalidade passou despercebida no Brasil. Nesse ato, Brizola defendeu a democracia.” Noé, que já conhecia a história política de Brizola, se tornou admirador após conhecer a história pessoal do ídolo.

Felipe Peixoto

Durante seus mandatos, Felipe aprovou mais de 100 leis e presidiu importantes Comissões, como a do Foro e Laudêmio e a da Linha 3 do Metrô. Como Secretário de Estado, Felipe foi responsável por inúmeras realizações e projetos que beneficiaram todas as regiões do RJ. 

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