Não é fácil enfrentar o crime organizado. Demanda inteligência, estrutura e conhecimento. Mais ainda, demanda integração concreta entre todos os setores do Poder Público envolvidos na questão. No entanto, o que vemos no dia-a-dia é um conflito permanente e ao mesmo tempo latente. Ora se normaliza, ora explode. E quem paga o pato normalmente não tem nada a ver com a história.
Não é fácil enfrentar o crime organizado. Demanda inteligência, estrutura e conhecimento. Mais ainda, demanda integração concreta entre todos os setores do Poder Público envolvidos na questão. No entanto, o que vemos no dia-a-dia é um conflito permanente e ao mesmo tempo latente. Ora se normaliza, ora explode. E quem paga o pato normalmente não tem nada a ver com a história.
No fundo, o conflito está na mesma moeda: a triste realidade sócio-econômica brasileira. De um lado, quem se aproveita dela para viver. Do outro, quem vive apesar dela.
O ciclo é extremamente vicioso: desemprego e subemprego abundantes, educação pública ineficiente, jovens sem recursos ou perspectivas. O caminho mais fácil seduz. É a partir daí que se formam exércitos de militantes cuja ideologia única é viver 10 anos como se fossem 1000. E estas pessoas estão prontas para lutar até o fim por sua utopia.
A polícia fica, na maior parte das vezes, vendida. Quando entra neste conflito de forma organizada, o caos se torna a ordem: truculência é apenas uma palavra sutil. E a calmaria raras vezes se sustenta, pois o número de homens bem preparados é insuficiente para dar conta de toda a região. Assim, os policiais voltam para o batalhão e o crime organizado para a favela.
Ainda hoje vemos pessoas que não perceberam que este combate não pode ser feito sem interlocução permanente entre todos os setores do governo. Um grande exemplo disso é a operação do CORE na Favela da Coréia, na última quarta-feira. Apesar de mobilizar 500 policiais, um helicóptero e um carro blindado, foram necessárias 6 horas de confronto para que a polícia atingisse seus objetivos e se retirasse da comunidade.
A dimensão do crime organizado hoje envolve as áreas de atuação de diversas forças, entre as quais poderia citar pelo menos as polícias Federal, Civil e Militar, além do Ministério Público. Mas, em última análise, envolve mesmo todos os setores do Poder Executivo, em todos os níveis de governo. A questão é complexa sim e deve ser encarada desta forma.
Afinal de contas, enquanto um terço da juventude brasileira não tiver acesso a educação, saúde e emprego de verdade, mais e mais soldados continuarão se formando nesta guerrilha de utopias.
Texto escrito por Andre Luis do Nascimento