Embora o debate sobre desarmamento tenha tomado conta das ruas e dos meios de comunicação, a população continua confusa. Diante disso, acho importante que façamos algumas reflexões sobre o tema.
O primeiro ponto que deve ser analisado diz respeito ao que estará sendo votado no dia 23 de outubro. Ao contrário do que muita gente pensa, o referendo definirá apenas a questão da comercialização de armas de fogo e munição no Brasil. No dia 23, TODOS os cidadãos e cidadãs com mais de 18 e menos 70 anos deverão comparecer às urnas para responder “SIM” ou “NÃO” à seguinte pergunta: O COMÉRCIO DE ARMAS DE FOGO E MUNIÇÃO DEVE SER PROIBIDO NO BRASIL? E só isso. Seja qual for o resultado, o cidadão que comprovar ter a necessidade de ter arma e preencher os requisitos necessários constantes no estatuto do desarmamento, terá seu direito assegurado.
Ninguém tem dúvida que, infelizmente, as instituições incumbidas de dar segurança à população, não estão conseguindo acompanhar o crescimento generalizado da violência. A falta de investimentos nessa área é gritante. Porém, o quadro desanimador não justifica a série de declarações equivocadas que vem sendo feitas, colocando o referendo como divisor de águas na questão da violência urbana. É importante deixar claro que a resposta para todos problemas relacionados com a violência não está ligada ao resultado do referendo. É preciso que cada cidadão esteja esclarecido de que a consulta trata apenas da questão da não comercialização de armas de fogo e munição e não da solução definitiva para os problemas relacionados à violência.
Dizer que ao votar SIM não estaremos desarmando o bandido é induzir a população a pensar que ao votar NÃO estará sendo contemplada a questão da violência pelo simples fato de armar o cidadão de bem. Será que a solução para os nossos problemas está em dar o direito ao cidadão de bem de armar-se? Será que armar as pessoas de bem reforça o combate à criminalidade e a violência? O que estamos querendo? Armar a população de bem para enfrentar a população do mal? Se alguns pensam assim, devo dizer que não comungo desse pensamento. Não acho correto avalizar o armamento da população e dar uma sensação artificial de que, armado, o cidadão comum poderá tomar para si a responsabilidade, que é da polícia, da sua própria segurança e de sua família.
Crimes por impulso, a grande maioria por motivos fúteis, engrossam as estatísticas. Segundo pesquisas divulgadas, muitas vezes a presença de uma arma dentro de casa é suficiente para a prática do crime. Não há dúvida de que todos querem viver e construir uma cultura de paz. Não resta dúvida que a questão da violência não estará resolvida após a apuração das as urnas.
Independente do resultado do referendo do dia 23 de outubro, devemos continuar a exigir do governo mais investimentos na área de segurança. O Brasil é o país onde mais se mata e mais se morre por arma de fogo no planeta. Em 2003 foram 39.000 brasileiros mortos e cerca de 20.000 feridos. O Brasil fica na frente em número de vítimas até da Colômbia, que é um país dilacerado por conflitos internos de grandes proporções. Segundo a UNESCO, entre 1979 e 2003, mais de meio milhão de pessoas morreram no Brasil em conseqüência de tiro. Nesses 24 anos, as vítimas de armas de fogo cresceram 461,8%, enquanto a população do país cresceu muito menos, 51,8%.
Dia 23 de outubro eu votarei SIM, apertando o nº 2, porque acredito que, com meu voto, estarei consolidando a minha opção pela vida; pela segurança feita por policiais honestos e empenhados em combater o crime organizado; pelo aumento dos investimentos na área de segurança; pela remuneração digna aos policiais e pelo sono tranqüilo dos brasileiros que buscam e constroem a paz.
Caro leitor, espero que tenha ajudado você a refletir sobre as questões que envolvem minha opção no referendo. Se você concordar com meus argumentos vote SIM também. Contudo, seja qual for sua posição, dê o seu voto de forma consciente.
Felipe Peixoto
vereador, presidente da Comissão de Segurança da Câmara e um dos coordenadores da Frente Niterói sem Armas.
Embora o debate sobre desarmamento tenha tomado conta das ruas e dos meios de comunicação, a população continua confusa. Diante disso, acho importante que façamos algumas reflexões sobre o tema.
O primeiro ponto que deve ser analisado diz respeito ao que estará sendo votado no dia 23 de outubro. Ao contrário do que muita gente pensa, o referendo definirá apenas a questão da comercialização de armas de fogo e munição no Brasil. No dia 23, TODOS os cidadãos e cidadãs com mais de 18 e menos 70 anos deverão comparecer às urnas para responder “SIM” ou “NÃO” à seguinte pergunta: O COMÉRCIO DE ARMAS DE FOGO E MUNIÇÃO DEVE SER PROIBIDO NO BRASIL? E só isso. Seja qual for o resultado, o cidadão que comprovar ter a necessidade de ter arma e preencher os requisitos necessários constantes no estatuto do desarmamento, terá seu direito assegurado.
Ninguém tem dúvida que, infelizmente, as instituições incumbidas de dar segurança à população, não estão conseguindo acompanhar o crescimento generalizado da violência. A falta de investimentos nessa área é gritante. Porém, o quadro desanimador não justifica a série de declarações equivocadas que vem sendo feitas, colocando o referendo como divisor de águas na questão da violência urbana. É importante deixar claro que a resposta para todos problemas relacionados com a violência não está ligada ao resultado do referendo. É preciso que cada cidadão esteja esclarecido de que a consulta trata apenas da questão da não comercialização de armas de fogo e munição e não da solução definitiva para os problemas relacionados à violência.
Dizer que ao votar SIM não estaremos desarmando o bandido é induzir a população a pensar que ao votar NÃO estará sendo contemplada a questão da violência pelo simples fato de armar o cidadão de bem. Será que a solução para os nossos problemas está em dar o direito ao cidadão de bem de armar-se? Será que armar as pessoas de bem reforça o combate à criminalidade e a violência? O que estamos querendo? Armar a população de bem para enfrentar a população do mal? Se alguns pensam assim, devo dizer que não comungo desse pensamento. Não acho correto avalizar o armamento da população e dar uma sensação artificial de que, armado, o cidadão comum poderá tomar para si a responsabilidade, que é da polícia, da sua própria segurança e de sua família.
Crimes por impulso, a grande maioria por motivos fúteis, engrossam as estatísticas. Segundo pesquisas divulgadas, muitas vezes a presença de uma arma dentro de casa é suficiente para a prática do crime. Não há dúvida de que todos querem viver e construir uma cultura de paz. Não resta dúvida que a questão da violência não estará resolvida após a apuração das as urnas.
Independente do resultado do referendo do dia 23 de outubro, devemos continuar a exigir do governo mais investimentos na área de segurança. O Brasil é o país onde mais se mata e mais se morre por arma de fogo no planeta. Em 2003 foram 39.000 brasileiros mortos e cerca de 20.000 feridos. O Brasil fica na frente em número de vítimas até da Colômbia, que é um país dilacerado por conflitos internos de grandes proporções. Segundo a UNESCO, entre 1979 e 2003, mais de meio milhão de pessoas morreram no Brasil em conseqüência de tiro. Nesses 24 anos, as vítimas de armas de fogo cresceram 461,8%, enquanto a população do país cresceu muito menos, 51,8%.
Dia 23 de outubro eu votarei SIM, apertando o nº 2, porque acredito que, com meu voto, estarei consolidando a minha opção pela vida; pela segurança feita por policiais honestos e empenhados em combater o crime organizado; pelo aumento dos investimentos na área de segurança; pela remuneração digna aos policiais e pelo sono tranqüilo dos brasileiros que buscam e constroem a paz.
Caro leitor, espero que tenha ajudado você a refletir sobre as questões que envolvem minha opção no referendo. Se você concordar com meus argumentos vote SIM também. Contudo, seja qual for sua posição, dê o seu voto de forma consciente.
Felipe Peixoto
vereador, presidente da Comissão de Segurança da Câmara e um dos coordenadores da Frente Niterói sem Armas.