Numa cidade que possui dezenas de obras paralisadas por ineficiência de gestão e cujo trânsito sofre alterações constantes que só pioram sua situação, o prefeito afirma que irá construir viadutos por toda a cidade em menos de um ano. Nova proposta da Prefeitura, que contém pontos louváveis, deixa clara a falta de norte da administração no trato com o trânsito: a cada três meses, são apresentadas novas soluções milagrosas que no fim das contas não dão em nada.
O Caminho Niemeyer. A Praça Leoni Ramos. O Túnel Charitas-Cafubá. Dezenas de ruas das regiões Oceânica, Pendotiba e Leste. Em toda a cidade, obras paralisadas geram desconforto e impaciência na população. Ano após ano, a Prefeitura lança novo cronograma de obras, prorroga os prazos de licitação e execução e investe em novas desculpas para dizer às pessoas porque as obras não acontecem. E as obras não acontecem.
Voltemos no tempo. Este mesmo governo, há alguns anos atrás, passou meses a fio debatendo um grande plano para o trânsito da cidade. Foi uma discussão muito positiva, pois foi através dela que surgiu o PDTT, o Plano Diretor de Trânsito e Transporte, que refazia o planejamento estratégico na área, iniciado ainda nos governos de Jorge Roberto Silveira e João Sampaio. O PDTT privilegiava o transporte coletivo e buscava soluções para o trânsito que não interferissem em nossa qualidade de vida e sua elaboração contou com a participação de diversas organizações representativas do município.
De volta a 2008. Na ressaca do carnaval, o prefeito Godofredo anuncia um projeto ousado para seu último ano de mandato. Trata-se da construção de viadutos e mergulhões e de outras obras complementares. Batiza o projeto de Nit-Ponte. E afirma que através dele, trará a solução para o trânsito da cidade.
Mais um recorte temporal. 2007 foi o ano em que a Prefeitura cometeu os maiores fiascos na gestão do trânsito da cidade. O projeto Trânsito Livre sofreu diversas alterações e não só não resolveu o problema, como inclusive piorou. As seguidas mudanças de sentido nas vias da cidade criaram verdadeiros gargalos. Em todas as pesquisas de opinião, a população começou a apontar o trânsito como o mais grave problema da cidade depois da violência.
É preciso parar para refletir um pouco. Entre 2003 e 2004, a Prefeitura investiu recursos humanos e financeiros para elaborar e debater o PDTT. Se fez isso, qual a razão de não implementá-lo? Desde que o plano foi concluído, todas as intervenções da Prefeitura no trânsito foram marcadas pelo improviso e falta de planejamento. Por quê? Se o prefeito tem o mapa do caminho das mãos, por que seguir perdido, mudando rumo e direção a cada três meses?
De volta a 2008. O projeto do prefeito ganha as páginas da imprensa com ares de notícia velha. Afinal de contas, não é a primeira vez que Godofredo Pinto anuncia uma idéia mirabolante que resolveria todos os nossos problemas. Não temos ainda elementos para avaliar a viabilidade e o impacto dessas obras recém-prometidas, mas temos certeza que o governo não terá tempo suficiente para concluí-las, se seguir corretamente os trâmites administrativos.