Uma coletânea de 11 trabalhos produzidos a partir de relatos sobre a repressão e resistência, durante o regime militar no Brasil foi lançada, na última 5ª feira, pela UFF. O livro “Afasta de mim este cale-se – Um encontro de memórias e histórias sobre o regime militar é o resultado de um projeto desenvolvido pela disciplina de Redação do Curso de Jornalismo da Universidade Federal Fluminense.
O livro “Afasta de mim este cale-se – Um encontro de memórias e histórias sobre o regime militar apresenta, em alguns de seus depoimentos, relatos sobre as mortes dos operários Santo Dias da Silva e Manoel Fiel Filho, assassinados em janeiro de 1976, no DOI-CODI. Os dois morrem em circunstâncias semelhantes às do jornalista Vladimir Herzog, que em 2005 foi lembrado pelos seus 30 anos de morte.
Os alunos foram responsáveis pela escolha das pautas e das fontes das reportagens, bem com pela apuração e pelo texto final. A organização ficou a cargo do Professor João Batista de Abreu e pelas alunas Maria Luiza Muniz e Renata Cunha. O objetivo dos alunos foi focar pessoas comuns, que testemunharam ou tiveram suas histórias de vida afetadas pelos acontecimentos da época, e construir um panorama crítico do período.
Para cerimônia de lançamento, realizada na Sala dos Conselhos Superiores da Reitoria da UFF, foram convidados a fazer parte da mesa: Maurício Azêdo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa; Vitória Lavínia Grabois, professora da UFRJ e membro do grupo Tortura Nunca Mais; professor João Baptista de Abreu, chefe do Departamento de Comunicação Social do Curso de Jornalismo da UFF e um dos organizadores da publicação; professor Antônio do Amaral Serra, diretor do Instituto de Artes e Comunicação da UFF; Professor Antonio Theodoro de Magalhães Barros, professor emérito da UFF e especialista no período da ditadura militar; e a professora Esther Hermes Lück, Pro Reitora de Assuntos Acadêmicos e representante do Magnífico Reitor.
Segundo o professor João Batista, o livro recupera episódios da repressão no regime militar a partir de relatos de pessoas que viveram aquele momento: “Não celebridades, autoridades ou intelectuais; mas gente comum que às vezes desempenha o papel de protagonista, mas quase sempre consta nos créditos apenas como figurante”.
Antes de iniciar o debate sobre o tema, a Pro Reitora de Assuntos Acadêmicos, Professora Esther, anunciou a assinatura da portaria nº 35.041. Por ato do Magnífico Reitor, Professor Cícero Mauro Fialho Rodrigues, o Núcleo de Documentação da UFF fica autorizado a liberar o acesso aos documentos referentes ao período da ditadura militar. O vereador Felipe Peixoto recebeu o anúncio com muita satisfação. Segundo ele, a partir desse ato, inaugura-se uma nova etapa na democratização da informação dos órgãos públicos brasileiros.
A cerimônia de lançamento marcou o início do projeto de extensão dos alunos da graduação do curso de Jornalismo. Dando continuidade ao trabalho, estão previstas a criação de uma página na internet, a distribuição da publicação em escolas da rede pública e exposição em espaços virtuais. Além disso, a participação está aberta a todas as produções relacionadas ao tema e aqueles que quiserem apresentar seus depoimentos e contribuições sobre a violação dos direitos humanos.
“O objetivo do projeto é estender à sociedade um debate sobre os direitos humanos, que muitas vezes permanece restrito ao meio acadêmico, ao universo das organizações especializadas, ao das próprias vítimas e de seus familiares”, como explicou Maria Luiza Muniz, uma das alunas organizadoras do livro.