No ultimo final de semana, a população fluminense presenciou mais uma batalha entre bandidos de facções rivais e policiais. Traficantes do Morro do São João invadiram o Morro dos Macacos por volta de 1h da manhã. O resultado dessa batalha foi pelo menos 17 mortos, uma escola danificada (com incêndio em duas salas), um helicóptero pegando fogo dentro de uma vila olímpica, oito ônibus queimados e a população do Rio de Janeiro aterrorizada.
Nesse momento fala-se muito em intensificar as ações nas comunidades e a política de enfrentamento ao tráfico nos morros, como forma disfarçada de criminalizar a pobreza. Mas pouco se fala em estudar e combater as causas do crime com inteligência e sem repressão e conflito nas comunidades.
Algumas questões são fundamentais. De onde surgiu a violência urbana? De onde vêm as armas usadas pelo tráfico? De onde vem a droga vendida pelo tráfico? O que leva um jovem a pegar numa arma? Quem lucra com isso tudo? A droga não é fabricada na favela, as armas também não e quem lucra com tudo isso com certeza não mora lá. O jovem carente ingressa nas fileiras do tráfico quando acredita que não tem opção melhor.
Uma verdadeira e séria política de segurança pública deve focar o combate à droga na sua origem e principalmente atuar com inteligência policial nas fronteiras e nos caminhos que a droga percorre até os pontos de venda. E acima de tudo essa política de segurança deve ser acompanhada de um investimento pesado em educação pública gratuita e de qualidade, que garanta às nossas crianças o tempo integral nas escolas, mantendo-as longe do crime e do tráfico.
As cenas do último fim-de-semana acompanharão o nosso dia-a-dia por muito tempo. Bandidos são mortos, policiais são mortos, pessoas humildes são mortas e o crime não diminui. O problema da criminalidade não será resolvido se a única ação adotada for o enfrentamento e o conflito nas comunidades. É preciso inteligência e qualificação da polícia. É preciso o investimento em educação e em políticas públicas voltadas à prevenção da violência.