Hoje faz sete dias que João Sampaio se foi. Lembro como se fosse hoje ele entrando no comitê mirim para prestigiar a criançada. Foi o máximo. E para ele também. Não é comum crianças se envolverem com política por livre e espontânea vontade. E João foi lá inaugurar o comitê que eu e alguns amigos tínhamos montado para apoiar sua campanha a prefeito em 92.
Depois disso, virei seu carrapato. Vivia atrás dele. Quando cresci passei a andar com ele para cima e para baixo e estava sempre em seu gabinete. Todo mundo debochava, me chamavam de “estagiário”. Nem ligava. Eu gostava mesmo dele. Essas coisas não se explicam, acontecem.
João era admirável. Quando foi prefeito ele fazia questão de visitar as obras. Chegava a ser chato. Fiscalizava tudo e conversava com os operários. Em boa parte das vezes, ele ia de surpresa. Além das obras, ele chegava aos hospitais de madrugada para conferir se os plantonistas estavam trabalhando. Ia às escolas e aproveitava para olhar a cozinha e falar com as merendeiras. Isso rendia boas histórias. Algumas engraçadas.
Meus melhores momentos com o João foi quando trabalhamos juntos nas campanhas que ele perdeu. E falo isso com sinceridade. Ele sabia que ia perder e mesmo sem dinheiro, a gente partiu para o corpo a corpo, o dia inteiro na rua, na chuva, no sol, panfletando junto com os militantes. Sempre humilde com todo mundo e perseverante. Uma lição de vida que levo comigo.
João, certamente, deixa saudades.