Quanto mais vejo as notícias sobre a crise no Japão, mais me surpreendo com o povo japonês. Comentei no texto anterior que os japoneses têm como um dos seus inúmeros hábitos culturais o respeito pelo próximo. Considero isso a premissa base para o desenvolvimento do espírito coletivo. Em um cenário em que falta tudo, os japoneses se preocupam em não deixar faltar o pouco que ainda tem para quem precisa.
Precisamos acompanhar com atenção o que acontece na terra do Sol Nascente, porque serve como um exemplo para nós brasileiros. Afinal, sabedoria é aprender com a experiência dos outros. Tudo o que poderia acontecer de errado na última semana no Japão aconteceu. Um terremoto, seguindo de um tsunami, uma crise nuclear e, por fim, uma nevasca. Quem deseja sair da região destruída, não consegue por falta de combustível ou bloqueio de rodovias em função das avalanches. E quem precisa ir a esses locais para socorrer, pelo mesmo motivo, enfrenta dificuldades. E o Japão da velocidade virtual, está assim, meio devagar.
Ainda assim, não se escuta falar de saques, roubos, brigas ou outros tipos de violência típicos de uma situação limite como essa. Na consciência coletiva de lá, é preciso se proteger enquanto um povo. Outra boa demonstração de comportamento pode ser avaliada na postura do embaixador do Japão durante uma reunião na Câmara dos Deputados quarta-feira (16). Depois de falar dos problemas de seu país, o embaixador foi claro: “Não queremos ajuda financeira. Precisamos de ajuda moral”. E sugeriu que a seleção brasileira de futebol e a de vôlei aceitem jogar em Tóquio no segundo semestre. Isso é um exemplo de dignidade! Uma prova de perseverança na recuperação do país, porque já está estimaram o período em que estarão aptos a organizar um evento de grande porte.