“Nós temos estes fatos que são muito tristes que nos comovem, mas nós não vamos parar. Vamos continuar, vamos fazer outras ocupações. Temos já inteligência produzida em cima dessas áreas para poder dar a resposta e ir aos poucos prender essas pessoas que são os autores desses ataques”. Assim declarou o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, quando questionado sobre as mortes de policiais que atuam nas Unidades de Polícia Pacificadora (as UPPs).
Na entrevista concedida ao RJTV no sábado, dia 8, Beltrame falou ainda sobre a ação das UPPs em comunidades que ainda enfrentam resistência, o que resulta na onda de confrontos que acontecem entre policiais e bandidos, além dos ajustes que seriam necessários para evitar que fatalidades como essa não se tornem rotineiras.
Penso que a declaração do secretário é similar ao desejo da sociedade em ter mais segurança. A UPP é, sim, um projeto positivo e esperado pela população, cujas taxas de homicídio em diminuição comprovam a sua importância e eficácia.
Analisando o cenário atual, pode-se dizer que o movimento da violência acompanha o processo de desenvolvimento do país, com a transferência de investimentos públicos e privados para outras regiões do Brasil. Quando esses estados não estão preparados para essa realidade, o resultado natural é o aumento dos conflitos.
Mas o Rio de Janeiro caminha no sentido inverso com reduções significativas nas taxas de homicídios nos últimos 12 anos. A queda mais acentuada aconteceu justamente a partir da instalação das Unidades de Polícia Pacificadora a cerca de cinco anos.
A política das UPPs faz com que as coisas caminhem. Penso que a discussão não deve prevalecer em cima de episódios, ainda que tristes e lamentáveis. Maior que isso é o investimento em estrutura, tecnologia, treinamento, capacidade de decisão e inteligência nas ações. Essa ideia de ocupação das comunidades começou há mais de 40 anos e, de lá para cá, foi sucessivamente ignorada. A questão do combate ao crime só se resolve mesmo com o total envolvimento das esferas públicas.
O Estado do Rio está no caminho certo ao dedicar esforços para libertar as comunidades da presença de grupos armados. Os ajustes considerados pelo secretário Beltrame passam pelo processo de investigação policial, que partem de uma premissa maior que não é função da PM, mas da Polícia Civil. A PM faz patrulhamento nas ruas e o confronto, às vezes, acaba sendo inevitável. Infelizmente.