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Nem todas as semelhanças podem ser coincidências em “O Brado Retumbante”

Depois de muitos anos, a Tv Globo retoma os romances de conotação política. Mas a minissérie “O Brado Retumbante” é bem diferente das outras telenovelas já exibidas pela emissora. Enquanto em Anos Dourados, Agosto e JK a trama referia-se ao passado, dessa vez, o enredo é contado nos dias atuais, uma novidade.
As tramas de cunho político eram um obstáculo para a emissora, principalmente pela má fama de lobista e manipuladora de informação. Como é possível esquecer a escandalosa manipulação do debate presidencial de 1989 onde a edição jornalística favoreceu o candidato Collor, mesmo com Lula saindo melhor nas respostas?
Para reverter esse quadro, a Globo está se esforçando para reconstruir sua credibilidade junto à opinião pública. O exemplo mais emblemático desse processo está na recente exposição do antigo diretor da emissora, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Boni). Em seu livro de memórias onde revela os bastidores da TV, ele confirma que houve, sim, a edição do debate, pondo um fim na especulação. E isto chama a atenção, porque qual motivo teria Boni ao expor sua antiga empresa a qual ainda possui ligação? Por acaso não teria ele recebido autorização para a revelação?
Meses depois do lançamento do livro, a Globo agora faz novo teste para medir sua aceitação no país. Em “O Brado Retumbante”, fica visível a tentativa da emissora em se aproximar da população que há muito tempo se mostra insatisfeita com a ética na política. Valores como caráter, honestidade e integridade são base da composição da personagem principal, o deputado federal Paulo Ventura, que de político desconsiderado, em função do acaso, vira Presidente da República.
É claro que os fatores que tornam Ventura presidente estão fora da realidade. Este é um caso clássico onde a história se adequa à mensagem que se quer passar e não aos fatos. Exemplo: Presidente e Vice-presidente jamais viajam juntos por questões de segurança; o gabinete do presidente jamais ficará distante dos ministérios e secretarias de governo. Isso é gerencialmente inviável; e, por último, é muito pouco provável que fosse feito alguma aliança dos partidos da base do governo para a indicação de um opositor como presidente da Câmara (pouco provável, mas não impossível…).
Mas o que mais me chamou a atenção nessa série é a incrível semelhança física de Paulo Ventura com o senador do PSDB Aécio Neves. E essa é uma comparação que não faço sozinho. Já caiu na boca do povo. Vamos pensar: se a Globo possui um elenco gigantesco, com que objetivo ela permitiu isso? Será mera coincidência escolherem este ator quando há no PSDB uma briga interna para viabilizar a candidatura do Aécio à presidência em 2014? O mesmo Aécia que foi presidente da Câmara dos Deputados entre 2001-2002? Cenas do próximo capítulo…

Felipe Peixoto

Durante seus mandatos, Felipe aprovou mais de 100 leis e presidiu importantes Comissões, como a do Foro e Laudêmio e a da Linha 3 do Metrô. Como Secretário de Estado, Felipe foi responsável por inúmeras realizações e projetos que beneficiaram todas as regiões do RJ. 

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