Algo novo está acontecendo nos Estados Unidos. Acostumados a propagar pelo mundo sua ideologia neoliberal e “o jeito americano de viver”, hoje o país vive uma análise de seus valores onde o movimento Ocupem Wall Street vem sendo a representação mais contundente.
Quando poderíamos supor que os americanos se rebelariam contra sua marca maior: o capitalismo? Ao criticarem a desigualdade social e a existência dos superricos, os manifestantes estão atacando o âmago do sistema: o lucro. Por que os ricos precisam ser tão ricos? Esse é o questionamento que está deixando os tecnocratas de Wall Street de cabelo em pé.
Os americanos estão descontentes com uma lei sancionada pelo ex-presidente Geoge W.Bush, assim que começou a crise, que reduziu a tributação à parcela mais rica da população. Em uma economia que protege o livre mercado, esperava-se que os potenciais investidores retribuíssem mantendo seus negócios e os empregos. Mas com o aprofundamento da crise o que se viu foram empresas fechando e demissões. Os americanos querem a reforma desta lei com aumento de tributação.
Os defensores do modelo americano já se levantaram para combater os “extremistas que ameaçam os valores americanos” como disse Paul Krugman ganhador do Nobel de economia em 2008 e crítico do sistema capitalista. Em artigo para o New York Times, o economista citou as pérolas usadas até agora para desqualificar as manifestações: “gangues”, “antiamericanos”, “alinhados com Lênin”. É uma nova “caça ao comunistas” estilo anos 2000, tudo para evitar interferências nos seus esquemas industriais e financeiros.
Até Obama foi chamado de socialista quando, em 2010, tentou impedir novo socorro do Estado aos bancos, assim como sua para universalizar o sistema de saúde majoritariamente privado.
As manifestações em Nova York só apontam o óbvio. Algo que o mundo inteiro já sabe. Agora, foi a vez dos americanos caírem na real.