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Sem luz, celular e internet

Hoje foi mais um dia de trabalho pesado. Passei a manhã na Ceasa tratando do abastecimento do Estado. Na quinta tivemos uma alta nos preços de alguns produtos, como as hortaliças, mas ontem os valores já começaram a cair e hoje já estavam se normalizando.

À tarde, fiz algo que gosto muito: peguei a estrada. O motivo que me levou a isso, contudo, não era nada agradável. Meu destino eram cidades atingidas pelas chuvas que devastaram a Região Serrana na última semana.

Chegamos em Areal com 6 caminhões e 2 ônibus carregados de doações. O prefeito nos recebeu e disse que a tragédia só não foi maior porque conseguiu avisar pelo rádio e por carro de som que vinha muita água no rio por decorrência das chuvas. Areal tem hoje em torno de 1200 desabrigados, mas não registrou nenhuma morte. A equipe da Ceasa retornou dali para o Rio. Eu segui adiante para ver de perto o que tinha acontecido na região.

Na RJ-134, que liga Areal a São José do Vale do Rio Preto, muita destruição. A todo momento, éramos parados por moradores solicitando mantimentos. Como tinha pouca coisa no meu carro, cuidava sempre de perguntar: “Mais à frente existem pessoas em condições piores?” Por incrível que pareça, a resposta, na maioria das vezes, foi “sim”.

Destruição e abandono foi o que vi em Barrinha, Parada Morelli, Camboatá, Contendas, Queiroz e Águas Claras. Todas essas regiões carecendo de remédios, roupa de cama, colchonetes e roupa íntima. Em Parada Morelli, quando perguntei se tinham medicamentos, a resposta foi “nem comida nós temos, com remédio a gente se preocupa depois”. Nesses locais, que ficam à beira-rio, o nível da água chegou a 2,5m de altura.

Mas não vi apenas notícias ruins. Testemunhei a presença de diversos órgãos colaborando de alguma forma: Furnas, o Exército, o Inea, a Secretaria de Obras do Governo do Estado, a Delta, a Defesa Civil e a Polícia Militar.

São José do Vale do Rio Preto estava sem energia e telefonia, seja fixa ou móvel. A energia chegou a ser restabelecida por um tempo, mas se foi de novo por conta da instabilidade do terreno. A cidade dorme hoje com 6 geradores, que alimentam a Prefeitura improvisada, alguns serviços estratégicos e poços artesianos.

A água destruiu pontes. Em algumas comunidades não se tem acesso por carro e os alimentos precisam de barcos da Defesa Civil para chegar a seus destinos.

Há em torno de 1.500 casas destruídas e 5.000 desabrigados. O chefe de gabinete do prefeito me comunicou que está buscando alimentos na capital, mas não possui caminhões para buscá-los. Comprometi-me em garantir o transporte destes alimentos para lá, o que espero conseguir ainda neste domingo.

Agora estou em Três Rios, onde passo a noite. Amanhã continuo minha jornada, em direção a Sumidouro e Nova Friburgo.

Felipe Peixoto

Durante seus mandatos, Felipe aprovou mais de 100 leis e presidiu importantes Comissões, como a do Foro e Laudêmio e a da Linha 3 do Metrô. Como Secretário de Estado, Felipe foi responsável por inúmeras realizações e projetos que beneficiaram todas as regiões do RJ. 

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